sábado, 2 de janeiro de 2010

Os Pés

“A copa bela e frondosa de uma árvore, muito depende do que suas raízes absorvem do solo.
A beleza e harmonia de uma dança também muito depende de como seus pés tocam o chão”.
Edwis Torres

Os pés são nossas raízes, nossa sustentação e contato com a Terra. Entretanto, coitados, quase nunca são lembrados ou tão pouco sentidos, a não ser quando algum os atinge. É sobre os pés que nos equilibramos e nos deslocamos para várias direções e sentidos.


Na dança de salão os pés são considerados o principal apoio, ele sustenta o corpo que deve estar em equilíbrio (estático ou dinâmico). É sobre os pés que colocamos nosso peso, que pode estar dividido ou não. Dividido quando temos os dois pés como base. Você muito vai ouvir em sala de aula: “o pé de base é o direito” ou então “esquerda livre”, “tire energia do pé de base para gerar o movimento, e por aí vai.

O pé de base é o pé sobre o qual se encontra o peso, por meio dele é que obtemos a energia para execução dos movimentos. Essa energia é gerada a partir do contato deste com o piso. O processo aí estabelecido nada mais é do que a terceira lei de Newton, onde a toda ação corresponde a uma reação, na mesma direção, em sentido contrário, com a mesma intensidade.

A força em sentido contrário é a que você se usa para deslocar, de forma natural e sem gerar esforço desnecessário. Quando a intenção é deslocamento, a parte dos pés que deve tocar o chão é o metatarso (parte anterior), enquanto o calcanhar exerce uma força para baixo, sem tocar o piso, provocando um alongamento da parte posterior da perna. Mas, existe um detalhe muito importante para que só o metatarso toque o piso, que é uma leve flexão do joelho que acontece com a retirada do calcanhar do chão. A flexão do joelho de outra forma provoca o efeito carrossel (sobe e desce do corpo).

O calcanhar, além de ter um papel fundamental no equilíbrio também funciona como freio e apoio. Quando o aluno não estuda o movimento e executa o que foi descrito acima de forma incorreta, colocando seu peso contra a gravidade, seu peso aumenta, perde a leveza e aparecem as dificuldades. Muitas vezes você já ouviu alguém falar: “fulano é forte, mas é tão leve para dançar”. Quando essa leveza é subtraída, significa que houve um esforço desnecessário para o movimento (deslocamento) e foi gerada uma tensão que não pode ser absorvida pelo piso e sim pelo corpo. Essa tensão vai ter nos espaços articulares, principalmente nas articulações do joelho e nas vértebras lombares, queixa mais comum entre os alunos.

Neste sentido, a dança favorece o realinhamento postural e o equilíbrio, quando observadas as técnicas somáticas na geração dos movimentos.

Edwis Torres

Bibliografia:

Calais-Germain, Blandine, Anatomia para o Movimento. São Paulo, Manole, 2002.
Geoffroy, Christophe, Alongamento para todo. São Paulo, Manole, 2001.
Bertazzo, Ivaldo, Cidadão Corpo. São Paulo, Summus Editorial, 1998.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Energia

“Um corpo sem energia, largado é um corpo vida.
É para ser carregado e não para dançar”.
Edwis Torres.

“Coloque energia no movimento”, “coloque energia no corpo” e por aí vai. Estamos tão cansados de escutar estas frases em aula que não damos mais importância. Mas, de que energia esses professores tanto falam?


Os alunos na sua maioria confundem essa energia com força localizada. “Braço firme” – fala o professor. E o aluno aperta a mão com força concentrada. Entretanto, a energia falada se refere à força resultante da contração muscular do posicionamento correto de articulações e ossos. Porém, devemos saber (sentir) a diferença entre contração e tensão. A energia dissipada pela contração muscular funciona como uma corrente que estabelece a comunicação entre diversas partes do corpo, o que chamamos de corpo integrado facilitando o comando para a execução dos movimentos, tanto para quem comanda como para quem é comandado.

Durante a aula o aluno copia o movimento, que na sua maioria acredita estar fazendo o corretamente, em consequência das repetições, que é um método mecânico, e, sentir o corpo a partir dele torna-se mais difícil. Tomemos como exemplo nosso cotidiano: levantamos, deitamos, sentamos, andamos, porém nunca paramos para sentir como produzimos esses movimentos. Eles já estão condicionados.

Quando conseguimos colocar energia em nosso corpo além dele ficar integrado, também alcança um estado de alerta, permitindo respostas imediatas para a execução dos movimentos solicitados, seja pela condução do cavalheiro, pelo comando da sua mente, seja pelo comando da música.

A contração muscular tão solicitada para dançar, não a curto prazo, também promove ganho de massa muscular, fortalece a musculatura e, consequentemente a proteção das articulações.

Lembre-se que para dançar a dois, deve haver equilíbrio de força entre os corpos, gerando uma resistência, facilitando a comunicação total, dando como resultado uma leve e harmoniosa dança.

Edwis Torres

Bibliografia:

Nanni, Dionísia, Dança Educação Princípios, Métodos e Técnicas. Rio de Janeiro, Sprint, 2002.