segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Entrar ou não em uma Escola de Dança de Salão?

“Entrar em uma escola de dança é ter uma nova percepção da vida por meio do corpo onde são guardadas todas as nossas emoções”.

Edwis Torres.
Para alguns, isso é um verdadeiro dilema. Será que vou gostar? O que os outros vão pensar? Será que vou ser aceito? Será que levo jeito para a coisa? É infinito o número de “Será”. Então, com obter essas repostas?

Assim como na vida, as respostas na dança virão quando elas forem procuradas e enfrentadas. Entrar na dança de salão é um novo nascimento, mas não um nascer extra-uterino, para o total desconhecido, é um nascer de suas próprias entranhas, do seu próprio interior que também não deixa de ser desconhecido (o que lhe espera lá fora?), ou seja, é um nascer do seu corpo para conhecê-lo e descobri-lo proporcionando uma reaproximação que o tempo, os afazeres e todas as intempéries da vida o afastam. Quem não tem tempo para cuidar de si é obrigado a arrumá-lo para cuidar de sua saúde. “Aguçar a sensibilidade proprioceptiva significa despertar o corpo para sentir, perceber e conhecer o que ocorre. Conectar-se a este campo (proprioceptivo-cognitivo) significa estar receptivo às próprias sensações e modificações que possam ocorrer, sem julgamento prévio ou valorativo; É um processo de conquista da liberdade, de se permitir a ser o que é. Denomino esse desenvolvimento de “SABER O CORPO”.

Nos seus primeiros instantes em sala de aula, você se sente estranho alheio ao grupo, acha que tem todas as dificuldades do mundo, que todos que ali se encontram lhe faz sentir-se o pior da turma, que ninguém vai querer dançar com você. Bem, você termina se sentindo ridículo com tantas dificuldades “aparentemente bobas”. Não! Não são bobas, existem explicações para elas nos diversos segmentos: Motor, emocional, cognitivo, mental etc.

Entretanto, não seja egoísta ao ponto de pensar que este privilégio é só seu, pois todos que ali se encontram passaram de uma forma ou de outra por esta mesma situação.

De repente, você se surpreende rindo de seus próprios erros e aí você escuta: “Ah! comigo foi assim também!”. Neste momento, você encontra o ludismo do aprendizado, e, em determinado momento você olha o relógio e diz: “Poxa a aula já terminou”.

Os alunos novatos tendem a centrar sua atenção no professor ou naquele colega que parece mais desenrolado, que pela perseverança e tempo em aula já faz umas letrinhas. Embora ele também tenha passado pelo mesmo processo aterrorizante para chegar a esse estágio. Uma coisa você deve aprender desde cedo: Numa sala de aula em meio a tanta gente, a figura central é VOCÊ, bem como na vida, com tantos ao seu redor, o protagonista da sua história de vida é você. Nas dificuldades que aparecem na dança, você pode até mudar de estratégia, mas tem que enfrentá-las e superá-las.

Aos poucos a sala de aula já não o aterroriza tanto, torna-se salutar o convívio com os colegas e aí de novo você diz: “Poxa! A aula já terminou”. Porém, não esqueça! Começar algo novo, ou mudar uma rotina de vida requer muita perseverança. As horas de desânimo, cansaço e até mesmo a falta de tempo, fatores que comprometem a auto-estima, necessariamente precisam ser superados.

A dança não substitui o processo terapêutico, contudo não deixa de ser uma terapia, favorecendo o processo. Não deve ser encarada de forma resolutiva, como alguns fazem. Em um processo terapêutico quando a memória inconsciente é mexida, muitas vezes o abandono do processo é inevitável. Com a dança não é diferente, pois movimentar o corpo também mexe com as emoções guardadas na sua memória muscular, e, isso hoje, nos faz entender por que há tanta rotatividade do alunado na Dança de Salão.

Os movimentos são gerados a partir de energia corpórea, e no seu corpo está toda sua história de vida, desde a intra-uterina.

Seu corpo carrega as boas e más emoções, suas repressões, seus valores culturais e sociais. Portanto, o facilitador (professor) deve respeitar ao máximo o corpo do aluno, a sua história e a sua singularidade.

Edwis Torres


Bibliografia:

Lower, Alexander, Bioenergética. São Paulo, Summus Editorial, 1982.
Bertazzo, Ivado, Cidadão Corpo. São Paulo, Summus Editorial, 1998.
Calazans, Julieta, Dança e Educação em Movimento, Cortez Editora, 2003.
Ribeiro do Valle, Elena, Neuropsicologia & Aprendizagem, São Paulo, Tecmeldd, 2005


 


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